Processo de desinflação continua mesmo com o emprego forte

Comentário Semanal
quarta-feira, 10 % maio, 2023

O índice de preços ao consumidor subiu de 0,1% para 0,4% ao mês, em abril. Esse valor ficou dentro do esperado pelo consenso e ao mesmo tempo permitiu uma ligeira redução da inflação em termos anuais, atingindo uma taxa de 4,9% (5,0% em março e 5,0% esperados). Por sua vez, o índice que exclui alimentos e energia, ou seja, o núcleo da inflação (core CPI) subiu 0,4%, em linha com o esperado pelo consenso e em linha com a variação registrada em março. Com isso, a variação anual ficou em 5,5% (5,6% em março e 5,5% estimado).

Em detalhe, o componente de habitação subiu 0,4% no mês (+8,1% YoY), o que representou mais de 60% do aumento total em todos os itens excluindo alimentação e energia. Destaque também para o aumento de 4,4% no mês (-6,6% anual) registrado pelos carros e caminhões usados, além da gasolina, com alta no mês de 3% (-12,2% anual). No que diz respeito à alimentação, positivamente, o componente alimentar manteve-se inalterado durante o mês, tal como em março. Em particular, a alimentação em casa caiu 0,2% no mês (+7,1% YoY), enquanto o componente de alimentação fora de casa aumentou 0,4% (+8,6% YoY). Por fim, passagens aéreas, veículos novos, serviços de transporte e serviços médicos registraram quedas no mês.

Por outro lado, nos últimos dias foram divulgados os números do emprego de abril, que foram positivos em termos gerais. A folha de pagamento não agrícola registrou a criação de 253 mil empregos e superou a expectativa de 185 mil. Além disso, a taxa de desemprego caiu para 3,4% e a remuneração média por hora aumentou 0,5% ao mês (+4,4% ao ano), o que representou o maior aumento em pouco mais de um ano.

Após o aumento de 25pb implementado pelo Fed no início do mês e com esse mix de resultados de inflação e emprego, o mercado passou a atribuir maior probabilidade de uma pausa no ciclo de alta já em junho. De igual modo, começa a reflectir a possibilidade de se verificarem reduções da taxa de referência no final do ano em cerca de 75pb. Entretanto, notamos que esse cenário enfrenta alguns desafios, pois a meta de inflação de 2% ainda parece distante em meio a um mercado de trabalho robusto, com taxa de desemprego a menor dos últimos 50 anos. Além disso, há situações que podem gerar volatilidade, como a crise dos bancos regionais e, no curtíssimo prazo, as negociações do teto da dívida.